Maria, mãe de Jesus, foi uma vítima de abuso, seja por Deus ou por um humano.
Descobri recentemente, por meio do site Wikipédia, que Maria, mãe de Jesus, teria se casado com José aos 12 (doze) anos de idade, segundo o costume judaico, e tido o seu filho aos 13 (treze). Nos termos do referido artigo:
De acordo com o costume judaico, o noivado teria ocorrido quando ela tinha cerca de 12 anos, o nascimento de Jesus aconteceu cerca de um ano depois (WIKIPEDIA).
Sobre o nascimento de Jesus, há duas versões possíveis. Uma que trata o assunto como algo de fato sobrenatural, fruto da ação divina sobre a jovem. Outra que enxerga o fenômeno, de uma perspectiva ateísta, como produto meramente humano.
No primeiro caso, teríamos um Deus, na Pessoa do Espírito Santo (Pomba), engravidando uma menina. Isso é comum em outras mitologias, como a Grega, na qual temos Zeus tomando a forma de animais para transar com mulheres, engravidá-las e gerar seus filhos, os semideuses. Pegue, por exemplo, o caso emblemático de Leda, rainha de Esparta, que foi seduzida pela deidade grega na forma de um cisne e teve com Ele 4 (quatro) filhos:
Leda (em grego: Λήδα), na mitologia grega, era rainha de Esparta, esposa de Tíndaro. Certa vez, Zeus transformou-se em um cisne e seduziu-a. Dessa união, Leda chocou dois ovos, e deles nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux. Helena e Pólux eram filhos de Zeus, mas Tíndaro os adotou, tratando-os como filhos de sangue (WIKIPEDIA).
No segundo caso, se formos levar a narrativa bíblica ao pé da letra e considerar que Jesus não é filho de José, então algum outro homem estuprou Maria, que era apenas uma criança de 12 (doze) anos, e a deixou grávida para morrer por apedrejamento, que era a pena para as adúlteras. Os judeus, no Talmud, escreveram que um tal de Pantera, soldado romano, fora o responsável pelo estupro da jovem. De acordo com o site “Aventuras na História”:
Um dos pontos detalhados por Celso foi a genealogia de Jesus. Ele dizia que Maria não tinha nada de virgem, mas sim que fora rejeitada por José, a quem estava prometida, depois de aparecer grávida de um soldado romano chamado Pantera. A hipótese foi debatida por inúmeros séculos. No Talmude, a coletânea de livros sagrados para os judeus, Jesus é chamado de “Yeshu ben Pantera”, ou, segundo alguns estudiosos, “Filho de Pantera”(https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/jesus-cristo-era-filho-de-um-soldado-romano.phtml#google_vignette ).
Outrossim, em uma das páginas da Wikipedia o assunto também é mencionado:
Yeshu ben Pantera (às vezes Pantera é vertido como Pandera) ou Jesus filho de Pantera é o nome de um religioso judeu considerado como um herege,[5] chamado assim por ter sido filho de um soldado romano chamado Pantera com uma donzela judia, de acordo com o Talmud (WIKIPEDIA).
Seja como for, uma experiência divina ou humana, por tudo o que já foi exposto até aqui, podemos constatar que a criança Maria, de apenas 12 (doze) anos, foi abusada sexualmente, por Deus ou por um soldado romano. E essa crença é a base da maior religião mundial, qual seja, o cristianismo.
Não à toa, no Brasil colônia, as meninas eram dadas em casamento para homens adultos assim que menstruassem, o que é totalmente justificado pelo catolicismo, religião dominante da época, haja vista a idade (12 anos) na qual a própria Virgem Maria (Nossa Senhora) casou-se. De acordo com o Portal Geledés:
Casos de desajustes conjugais devido à pouca idade da esposa não foram raros e revelam os riscos por que passavam as mulheres que concebiam ainda adolescentes. Há casos de meninas que, casadas aos 12 anos, manifestavam repugnância em consumar o matrimônio. Num deles, o marido, em respeito às lágrimas e queixumes, resolvera deixar passar o tempo para não violentá-la. Escolástica Garcia, outra jovem casada aos nove anos, declarava em seu processo de divórcio que nunca houvera “cópula ou ajuntamento algum” entre ela e seu marido, pelos maus-tratos e sevícias com que sempre tivera que conviver. E esclarecia ao juiz episcopal que “ela, autora do processo de divórcio em questão, casou contra sua vontade, e só por temor de seus parentes”. Confessou também que, sendo tão “tenra […] não estava em tempo de casar e ter coabitação com varão por ser de muito menor idade” (https://www.geledes.org.br/casamento-e-virgindade-no-brasil-colonia/ ).
Por isso, quando cristãos se encolerizam contra muçulmanos, por estes supostamente apoiarem o casamento infantil, de uma menina com um homem adulto, o que falta é olhar para a história, para o passado de seu país (Brasil) e para sua própria religião (cristã), fundada num ato de abuso sexual infantil. De acordo com o wikipedia:
Segundo os hádices, o profeta (Maomé) se casou com Aixa quando ela tinha seis anos de idade, mas o casamento só teria sido consumado aos 9 anos de idade (WIKIPEDIA).
A verdade é que dá para justificar tal prática abominável a partir de ambas as religiões (islã e cristianismo), de modo que cristãos não têm “moral” alguma para criticar os seguidores de Muḥammad.
Por fim, queria deixar claro que, apesar de muitos falarem mal de Maria, não se deve esquecer de que ela foi a principal vítima dessa história, pois era apenas uma garotinha inserida em um péssimo contexto histórico e cultural.
E quanto a José, seu marido, apesar de muito provavelmente ter sido um homem de idade avançada quando com ela se casou, reitere-se, em uma cultura que enxergava casamento infantil como algo normal, ainda assim acho que ele deve ser elogiado por não tê-la entregado ao apedrejamento, como muitos outros provavelmente teriam feito. Então, quando vejo ateus chamando José de “corno”, só tenho a lamentar, pois ele teve um comportamento honrado de acolher uma jovem estuprada, cuidar dela e sustentá-la.