Impedir China de obter chips é questão existencial para hegemonia dos EUA, diz CEO da Anthropic

O CEO da Anthropic (Claude AI), que também já foi vice-presidente de pesquisa da OpenAI (ChatGPT), publicou em seu blog pessoal um post defendendo restrições duras à exportação de chips para a China.

Resumo do post dele (não é minha opinião, é exatamente o que ele disse):

  • IA é sobre dominação mundial.
  • O mais importante é que o mundo continue unipolar, com os EUA na liderança.
  • Ele diz que controle de exportação de chips é fundamental. Se a China tiver acesso a chips, China é capaz de direcionar mais talentos e investimentos do que os EUA para evoluir a tecnologia.
  • Se a China conseguir acumular chips, será o fim da hegemonia dos EUA, pois o mundo será bipolar.
  • Os EUA precisam garantir sua hegemonia.
  • É uma questão existencial: se outros países tiverem acesso aos chips, os EUA não poderão usar a IA como vantagem estratégica.

Engraçado como sempre usam o termo "EUA e seus aliados" quando falam sobre quem se beneficia com o mundo unipolar. Mas é irônico, porque nas últimas semanas vimos que os EUA não têm aliados de verdade. O próprio Trump anda dizendo que os EUA não precisam de ninguém, que são os outros países que precisam deles. Ou seja, não é uma relação de aliados, e sim de dominador e dominado.

Quem entende de geopolítica já sabe de tudo isso, mas o desafio é explicar para quem ainda não vê o que está acontecendo. Ontem mesmo, comentei em um post sobre o Brasil investir em IA própria e me surpreendi com a quantidade de gente criticando a ideia. Essas pessoas não sabem do que falam, mas precisamos ajudá-las a entender o que realmente está em jogo.

Esse assunto é super relevante, talvez uma das discussões mais importantes do momento.

Um trecho:

[...] A questão é se a China conseguirá obter milhões de chips.

[...] Se conseguir, viveremos em um mundo bipolar, onde tanto os EUA quanto a China terão modelos de IA poderosos, impulsionando avanços extremamente rápidos na ciência e na tecnologia [...]. No entanto, esse equilíbrio pode não durar para sempre. Mesmo que os EUA e a China estejam no mesmo nível em sistemas de IA, é provável que a China consiga direcionar mais talentos, investimentos e foco para aplicações militares dessa tecnologia. Com sua grande base industrial e vantagens estratégicas, isso poderia colocar a China na liderança global, não só em IA, mas em diversas áreas.

Se a China não conseguir milhões de chips, pelo menos temporariamente viveremos em um mundo unipolar, onde apenas os EUA e seus aliados terão acesso a esses modelos. Não está claro por quanto tempo essa vantagem duraria, mas há a possibilidade de que, como sistemas de IA podem ajudar a criar IA ainda mais avançada, uma liderança temporária se transforme em uma vantagem duradoura. Nesse cenário, os EUA e seus aliados poderiam garantir um domínio global prolongado.

[...] A única maneira de impedir que a China obtenha milhões de chips é com um controle rigoroso das exportações. Isso é o fator mais importante para definir se o mundo será unipolar (com os EUA à frente) ou bipolar (com os EUA e a China no mesmo nível).

[...] Se conseguirmos fechar essas brechas rapidamente, podemos aumentar a chance de um mundo unipolar, com os EUA na liderança.