postar videos chorando nas redes sociais não é nescessariamente "comportamento desesperado por atenção", essa adjetivação é produto de uma sociedade que quer que as pessoas se castrem emocionalmente
Vivemos em uma era onde as redes sociais se tornaram um diário moderno, um espaço para compartilhar tanto as conquistas quanto as dores. Postar vídeos chorando ou desabafando sobre tragédias pessoais não é, necessariamente, uma forma de mal gosto ou de busca por atenção. Na verdade, trata-se de uma manifestação legítima de emoções e, muitas vezes, um pedido de empatia em um mundo que pode ser frio e indiferente.
Cada pessoa lida com o sofrimento à sua maneira. Para alguns, falar sobre suas dores nas redes sociais é uma válvula de escape, uma forma de organizar os próprios pensamentos ou de buscar apoio emocional em meio a um momento difícil. E, em muitos casos, isso acontece porque não há outra alternativa. Há quem não tenha condições financeiras de pagar por um tratamento psicológico ou emocional, e tudo que lhe resta é desabafar no espaço digital. Nesse contexto, a internet se torna um refúgio, uma forma de aliviar o peso que carregam sozinhos.
Criticar esse tipo de comportamento é, em essência, exigir que as pessoas se censurem emocionalmente, como se não houvesse espaço para vulnerabilidade no ambiente digital. A ideia de que redes sociais só devem exibir a perfeição – viagens, risadas, festas e conquistas – é, no mínimo, irreal.
Além disso, é importante lembrar que o perfil nas redes sociais pertence à pessoa que o administra. Ninguém é obrigado a consumir conteúdo que não gosta; basta ignorar ou deixar de seguir. Rotular desabafos emocionais como busca por atenção ignora a complexidade de emoções humanas e reduz essas pessoas a estereótipos insensíveis.
Portanto, antes de criticar quem chora ou desabafa nas redes sociais, é fundamental refletir sobre a empatia. Às vezes, o que parece exposição excessiva para uns é a única maneira de outros lidarem com a dor. Em vez de silenciarmos essas pessoas, talvez seja hora de reconhecermos que, para alguns, as redes sociais são o único espaço de expressão e acolhimento. Mais compreensão e menos julgamento podem fazer uma diferença real na vida de quem já enfrenta tantas batalhas.